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Título: Caracterização morfológica e aspectos da reprodução da piranha Serrasalmus serrulatus (Valenciennes, 1849) (Ostariophysis, Serrasalmidae) do Arquipélago das Anavilhanas, Baixo Rio Negro, Brasil
Autor: Leão, Elizabeth Lima Mendes
Orientador: Vazzoler, Anna Emília A. de M
Data do documento: 1985
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Resumo: Os pares de caracteres morfométricos, tradicionalmente utilizados na taxonomia dos Serrasalminae, foram considerados num estudo sobre a biometria de uma amostra de 253 exemplares dos Serrasalmus serrulatus do arquipélago das Anavilhanas, sendo sua relação expressa através de regressões lineares. A existência de dimorfismo sexual foi testada pela ANCOVA. Os valores estimados para os comprimentos médios de primeira maturação sexual de ambos os sexos pertencem à faixa de comprimento padrão em que verificamos que a base da dorsal de machos passa a ser maior que a de fêmeas. Isto nos permite supor que exista um significado adaptativo para uma maior base da dorsal em machos, quando os indivíduos atingem a fase adulta. Observamos uma pequena diminuição de 1,5 escamas da linha lateral e um pequeno aumento de 1,0 fileira de escamas que recobrem a anal, com o crescimento de indivíduos de 100 mm a 181 mm de comprimento padrão. S. serrulatus apresenta um máximo de 6 dentes cônicos em cada ectopterigóide. O número de dentes ectopterigoideanos diminui a medida que os peixes crescem em comprimento. A perda total destes dentes ocorre entre 110 mm e 166 mm de comprimento padrão. Os dados de nossa amostra são comparados com aqueles disponíveis na literatura para o holótipo da espécie estudada, 5 S. serrulatus do Suriname e 3 outras espécies - S. scapularis, S. aureus e S. gymnogenys - que vêm sendo ligadas a S. serrulatus num controverso problema de sinonímia. As únicas diferenças entre o holótipo de S. serrulatus e os S. serrulatus de Anavilhanas foram os diâmetros oculares mais elevados, a presença de serras pareadas antes do ânus e de um maior número de fileiras de escamas sobre a anal, verificados em nossa amostra. Os diâmetros oculares dos exemplares de Anavilhanas mostraram-se também maiores que os de S. scaputaris e S. gymnogenys. S. serrulatus e S. aureus diferiram de S. scapularis e S. gymnogenys por apresentarem uma maior base da dorsal. O número de escamas da linha lateral revelou diferenças entre S. serrulatus (máximo de 81 escamas), S. aureus (86), S. gymnogenys (95) e S. scapularis (81-95). O elevado número de raios ramificados da anal de S. aureus (35) diferenciou esta espécie das demais, que apresentaram um máximo de 33 raios. Quando relacionadas ao comprimento padrão, a distância pré-dorsal em projeção, a altura do corpo, a distância dorsal-diposa e a base da adiposa não revelaram diferenças entre S. serrulatus, S. scapularis, S. aureus e S. gymnogenys. As relações entre distância inter-orbital vertical e comprimento da cabeça e entre base da anal e comprimento padrão, assim como o número de raios das nadadeiras dorsal, peitoral e pélvica e o número de serras pré-ventrais, também não se mostraram úteis à discriminação entre S. serrulatus, S. scapularis e S. gymnogenys. Serrasalmus serrulatus, S. aureus e S. gymnogenys não diferiram quanto à relação entre a medida direta do comprimento do focinho e o comprimento da cabeça. Estabelecemos a relação peso-comprimento para a espécie em Anavilhanas, assim como a relação perímetro-comprimento, útil como auxílio à formulação de curvas de seletividade de redes de espera. As variações ontogenéticas e sazonais do padrão de coloração do corpo são ilustradas fotograficamente. As variações sazonais caracterizaram-se, principalmente, pela ausência ou presença de uma coloração alaranjada mais ou menos acentuada em algumas regiões do corpo, acompanhada de um menor ou maior escurecimento do flanco. Relacionamos estas variações ao ambiente no qual os peixes se encontram, durante o ciclo anual de enchente e vazante. As variações ontogenéticas relacionaram-se à conspicuidade da mancha umeral, conspicuidade e tamanho das manchas do flanco e extensão do bordo hialino da nadadeira caudal. Dados sobre a reprodução da espécie foram obtidos mensalmente, de um total de 361 exemplares coletados de outubro de 1981 a outubro de 1982. A análise da proporcionalidade entre sexos revelou um "sex-ratio" mensal de 1:1 e o predomínio de fêmeas entre 170 mm e 179 mm de comprimento padrão. Estimamos em 127 mm e 137 mm, respectivamente, o comprimento médio de primeira maturação sexual e o comprimento médio em que todos os machos estão potencialmente aptos a participar do processo reprodutivo. Estimamos que as fêmeas atingem tais fases, respectivamente, aos 124 mm e 142 mm de comprimento padrão. A distribuição de freqüência dos diâmetros de ovócitos de 26 fêmeas em maturação e maduras revelou que a desova da espécie é parcelada, com a liberação de ao menos 3 lotes de ovócitos durante o período reprodutivo. Propomos uma escala de 6 estádios de maturidade, específica para S. serrulatus, baseada na observação macroscópica de ovários. A distribuição de freqüência mensal dos estádios de maturidade de fêmeas adultas, juntamente com a variação de seu índice gonado-somático médio mensal, revelou um período de desova de 6 meses, correspondentes à época de elevação do nível do rio, tendo a maturação gonadal se iniciado no 2º mês anterior ao pico da seca em Anavilhanas.
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