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Título: Ecologia trófica do pirarucu (arapaima sp.) em ecossistemas de lagos de ria e de várzea na bacia amazônica central
Autor: Carvalho, Felipe de Moraes
Orientador: Freitas, Carlos Edwar de Carvalho
Coorientador: Forsberg, Bruce Rider
Palavras-chave: Peixes tropicais
Manejo de Pescas
Especies ameaçadas
Data do documento: 27-Fev-2015
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Abstract: Neotropical freshwater ecosystems are among the most productive and diverse environments on Earth. The biological productivity of tropical rivers is maintained by the inputs of nutrient, detritus and sediment and also by the seasonal variation in water level, called flood pulse, which creates riparian areas adjacent to the river that alternate between the terrestrial and aquatic stages (floodplain, várzea, flooded forest, etc.). These locations have a high diversity of features such as floodplain lakes, connecting channels, flooded forest, among others. In contrast, on the edge of the floodplain, different habitat types called ria lakes are only influenced by the main river channel during the wet season. These lakes were formed by erosion of former tributaries during glacial periods and by the subsequent impoundment exercised by the main river channel during interglacial periods, which resulted in the drowning of the lower portion of these tributaries. Ria lakes are typically dendritic in morphology and possibly more dependent on terrestrial inputs than floodplain lakes. As with most tropical food webs, floodplain and ria lakes are influenced by an abundance of organic matter and detritus, resulting in a ichthyobiomass mainly dominated by detritivorous and omnivorous fish. Omnivory is an important adaptation that allows fish to deal with the seasonal variability in prey composition. Some species in higher positions of the food chain, such as the Arapaima (Arapaima sp.), play an important ecological role on the regulation and energy transfer in the ecosystem. In this study, we aim to assess the trophic ecology of arapaima, one of the most endangered fish in the Amazon. We collected fish during the dry season of 2013 (N = 70). The stomach content analysis was combined with the stable isotopes methodology to infer about the trophic level of arapaima and the main energy sources for the species in floodplain and ria lakes. The study was conducted in the Sustainable Development Reserve Piagaçu-Purus (RDS-PP), low Purus River, 223 km away from Manaus, Amazonas state. The results confirm previous findings about the dependence of arapaima for organisms with low position in the food chain such as omnivorous and detritivorous. While in the ria lake most of the sampled stomachs were full, in floodplain lakes empty stomachs were predominant. Thus, ria lakes tend to be an important habitat for arapaima feeding during the drought, since these environments remain interconnected with an extensive stream network and main river channel throughout the year. The stable isotopes of nitrogen (δ15N) showed that the trophic position of arapaima changes during ontogeny and that the species should be considered as piscivorous. The analysis of autotrophic sources indicated that the phytoplankton and flooded forest trees are the main sources of energy for arapaima.
Resumo: Ecossistemas de água doce neotropicais estão entre os ambientes mais produtivos e diversificados na Terra. A produtividade biológica dos rios tropicais é mantida pelos aportes de nutrientes, detritos e sedimentos e também pela variação sazonal do nível das águas, denominada de pulso de inundação, o qual cria áreas ribeirinhas adjacentes ao rio, que se alternam entre as fases terrestre e aquática (várzea, igapó, floresta inundada, etc.). Esses locais apresentam uma alta diversidade de feições como lagos de várzea, canais de conexão, floresta inundada, dentre outros. Em contraste, na borda da planície de inundação, diferentes tipos de habitats chamados lagos de ria somente são influenciados pela água branca dos rios durante o período da cheia amazônica. Estes lagos foram formados através da erosão de antigos tributários durante os períodos glaciais e posterior represamento exercido pelo canal principal do rio durante períodos interglaciais, o que resultou no “afogamento” da porção mais baixa destes tributários. Lagos de ria são tipicamente dendríticos em sua morfologia e possivelmente mais dependentes de inputs terrestres do que os lagos de várzea. Tal como acontece com a maioria das cadeias alimentares tropicais, ambiente de várzea e lagos de ria são influenciados por uma abundância de matéria orgânica e detritos, resultando em uma ictiofauna dominada principalmente por peixes detritívoros e onívoros. A onivoria é uma importante adaptação que permite aos peixes lidarem com a variabilidade sazonal na composição das presas. Algumas espécies que estão no topo da cadeia alimentar, como o pirarucu, exercem importante função ecológica sobre a regulação e transferência de energia no ecossistema. O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a ecologia trófica de um dos peixes mais ameaçados na Amazônia, o pirarucu (Arapaima sp.). A coleta dos organismos ocorreu durante a estação da seca de 2013 na pesca manejada do pirarucu (N = 70). A análise de conteúdo estomacal foi combinada com a metodologia de isótopos estáveis para inferir sobre o nível trófico e as fontes de energia do pirarucu em lagos de várzea e ria. O estudo foi realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS-PP), baixo Rio Purus, à 223 km da cidade de Manaus, Amazonas. Os resultados confirmam constatações anteriores sobre a dependência da dieta do pirarucu por organismos com baixa posição na cadeia alimentar como peixes onívoros e detritívoros. Enquanto no lago de ria a maioria dos estômagos amostrados estavam cheios, nos lagos de várzea estômagos vazios foram predominantes. Dessa maneira, lagos de ria tendem a ser um importante habitat para a alimentação do pirarucu durante a seca, uma vez que permanecem interligados com uma extensa rede de drenagem e canal principal do rio durante todo o ano. Análises de isótopos estáveis de nitrogênio (δ15N) mostraram que o pirarucu muda o nível trófico através da ontogenia e que a espécie deve ser considerada como piscívora. A análise das fontes autotróficas indicaram que o fitoplâncton e árvores da floresta inundada são as principais fontes de energia para o pirarucu.
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