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Título: Fatores de risco de leishmaniose cutânea em duas populações humanas da Amazônia central
Autor: Soares, Letícia de Souza
Orientador: Oliveira, Gonçalo Nuno Côrte-Real Ferraz de
Coorientador: Abad-Franch, Fernando
Palavras-chave: Leishmaniose cutânea
Flebotomíneos
Doenças infecciosas
Data do documento: 18-Ago-2010
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Ecologia
Abstract: Men are more frequently reported to present clinical cases of cutaneous leishmaniasis (CL) than women. This may be due to gender-biased exposure to environmental transmission risk-factors, to hormone-mediated differential vulnerability, or both. We investigated whether CL incidence would still be sex-biased after controlling for gender-related differential exposure to transmission risk-factors. Because of the complex transmission cycle of this vector-borne disease, environmental features related to sand fly vector habitats were also considered. We compared clinical-epidemiological data on CL in two contrasting human populations: settlers in a typical rural landscape (N=646 people in 225 households) and scientists conducting field research in forest sites within the same Central Amazon sub-region (N=166). Crucially, exposure to CL vector habitats is gender-biased only among settlers. We used a combination of questionnaires and clinical data to quantify CL cases. Using Bayesian methods, we modeled CL incidence as a function of covariates related to individual risk-factors (gender and exposure to vector habitats) and environmental risk-factors (forest amount and soil drainage around households). CL was more frequent among men, particularly in the rural settlement (7% men vs. 1.4% women). Overall incidence was higher among field researchers; even if gender bias was statistically weaker, women were less affected (4.8%) than men (11.5%) also in this equally-exposed population. Both gender and well-drained soils near households increased CL risk in the rural settlement. We provide evidence that CL incidence is sex-biased even when exposure to vector habitats is comparable. This suggests a role for gender-specific physiological factors in the clinical epidemiology of CL in central Amazonia. Lower incidence among settlers may be related to sex-independent partial immunity due to long-term exposure to vector bites. The association of CL with soil drainage suggests a potential target for disease risk mapping at the landscape scale.
Resumo: A freqüência de homens apresentando casos clínicos de leishmaniose cutânea (LC) é maior do que mulheres. Estas diferenças na freqüência de manifestação clínica entre gêneros pode se dever à exposição diferencial entre homens e mulheres aos fatores de risco relacionados à transmissão de LC ou à vulnerabilidade diferencial a infecções parasitárias, possivelmente mediada por hormônios ligados ao sexo. No presente estudo, foi investigado se a incidência de LC se mantém diferente entre os gêneros, ainda que controlada a exposição diferencial entre homens e mulheres aos fatores de risco relacionados à transmissão da doença. Devido ao complexo ciclo de transmissão da LC, para prever a incidência da doença em populações humanas, foram consideradas características ambientais relacionadas com a adequação de hábitat para a ocorrência dos flebotomíneos, principais vetores de LC. Foram comparados dados clínico-epidemiológicos sobre a LC em duas populações humanas com exposição diferencial aos hábitats dos vetores de LC: os assentados rurais em uma paisagem tipicamente rural inserida em um ambiente de floresta tropical (N = 646 pessoas em 225 domicílios) e os pesquisadores que conduzem trabalho de campo em áreas de floresta na Amazônia Central (N = 166). Dentre os assentados rurais a exposição aos hábitats do vetor de LC é maior em homens que em mulheres. Contrariamente, pesquisadores de campo usualmente não apresentam diferenças de exposição entre gêneros, sendo que homens e mulheres são similarmente expostos aos ambientes de ocorrência de flebotomíneos. Foi utilizada uma combinação de questionários e dados clínicos para quantificar casos LC. Utilizando métodos Bayesianos, foi modelada a incidência de LC, em função de co-variáveis relativas a fatores de risco individuais (sexo e exposição a ambientes de ocorrência de vetores) e a fatores de risco ambientais (proporção de floresta e drenagem do solo ao redor dos domicílios dos assentados rurais). Casos clínicos de LC foram mais freqüentemente observados entre os homens, tanto no assentamento rural (7% vs. 1,4%), como na população de pesquisadores de campo do PDBFF, na qual as mulheres apresentaram LC em menor freqüência do que os homens (4,8% vs.11,4%). A diferença entre o número de casos reportados entre os gêneros ocorreu no PDBFF, ainda que nesta população ambos os gêneros fossem similarmente expostos ao ambiente de ocorrência de vetores da doença. Comparando-se as duas populações como um todo, a incidência de LC foi maior entre pesquisadores de campo que entre assentados rurais. A proporção de floresta em torno dos domicílios apresentou um efeito negativo, porém não tão relevante na incidência de leishmaniose cutânea quanto a drenagem do solo. Solos bem drenados no entorno dos domicílios do assentamento rural aumentaram o risco de ocorrência de LC. Foi evidenciado que a incidência de LC tende a uma maior freqüência de casos clínicos em homens que em mulheres, mesmo quando a exposição aos hábitats dos vetores da doença é equivalente, o que sugere um papel importante de fatores fisiológicos relacionados ao gênero na epidemiologia clínica de LC na Amazônia Central. A menor incidência entre os assentados rurais pode estar relacionada ao gênero, independente da imunidade parcial possivelmente adquirida devido à exposição em longo prazo às picadas dos vetores. A associação da ocorrência de casos clínicos de LC com a drenagem do solo sugere um alvo potencial para o mapeamento de áreas de risco da doença.
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