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Título: Distribuição, mortalidade e caça de Podocnemis (Testudinata, Pelomedusidae) no Rio Guaporé, Rondônia, Brasil
Autor: Soares, Maria de Fátima Gomes e Souza
Orientador: Magnusson, William Ernest
Palavras-chave: Distribuição de quelônios
Podocnemis
Quelônios
Data do documento: 2000
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Ecologia
Resumo: A distribuição espacial e temporal e a mortalidade de Podocnemis expansa foram pesquisadas no baixo e médio rio Guaporé entre 1992 e 1998, e as características de quelônios caçados foram estudadas no baixo rio Guaporé entre 1990 e 1998. Levantamentos de P. expansa na superfície do rio e em 56 praias foram feitos de 1986 a 1998. A presença ou ausência de indivíduos de P. expansa nas águas e nas imediações das praias de desova entre julho e dezembro foram registradas. Fêmeas de P. expansa que desovaram em praia Alta (km 243) foram capturadas na praia e no rio. Essas fêmeas foram marcadas, medidas e devolvidas ao local de captura. As capturas foram realizadas durante e após o período de desova, entre agosto e dezembro de 1992 a 1998. A taxa de mortalidade de fêmeas adultas de P. expansa que usaram as praias próximas a Costa Marques entre 1993 e 1997 foi estimada pelo método de Jolly-Seber. A mortalidade de fêmeas adultas de P. expansa também foi estimada baseada no número de cascos coletados e no número de fêmeas em desova. A coleta de cascos de P. expansa e P. unifilis foi realizada em Costa Marques e Forte Príncipe da Beira em residências, vias públicas e depósitos municipais de lixo entre setembro de 1998 e fevereiro de 1999. O comprimento curvilíneo da carapaça e do plastrão dos cascos de quelônios coletados foram medidos e o sexo foi determinado pelo formato da abertura entre as placas anais do plastrão. Os termos de apreensão de quelônios lavrados pelo IBAMA em Costa Marques entre 1990 e 1998 foram compilados. A presença de indivíduos de P. expansa foi registrada entre o km 95 e o km 612 do rio Guaporé. As desovas concentraram-se nos entornos de três locais do rio: km 243, km 482, km 612. Esses trechos foram áreas protegidas e distantes dos maiores núcleos de população humana às margens do rio Guaporé. O início da desova não foi associado ao valor da cota do rio e a variação intra-anual na data da desova foi pequena e aparentemente auto-correlacionada, indicando um possível ciclo de longo prazo. O maior número de desovas ocorreu em setembro e as fêmeasa adultas de P. expansa permaneceram no mínimo 4 meses no entorno do sítio de desova. Apesar dessas fêmeas realizarem deslocamentos de até 235 km entre estações reprodutivas, os dados de marca-recaptura indicaram que elas desovaram na mesma praia ou em praias vizinhas ao longo dos anos. A mortalidade de fêmeas adultas de P. expansa estimada através das recapturas de fêmeas adultas em praia Alta foi menor que 1% entre 1993 e 1997. A mortalidade estimada através dos seus cascos coletados em Costa Marques em 1998 foi calculada em 3%. A diferença nas taxas de mortalidade de fêmeas adultas de P. expansa pode ter sido devido às diferentes metodologias utilizadas em diferentes períodos e/ou à interrupção de vigilância em praia Alta durante 20 dias de outubro de 1998. P. expansa e P. unifilis foram os únicos quelônios de água doce coletados que foram consumidos em Costa Marques. Entre os 355 indivíduos caçados, 200 foram fêmeas jovens de P. expansa ou fêmeas adultas de P. unifilis. P. expansa foi a espécie mais consumida em 1998 pela população de Costa Marques e Forte Príncipe da Beira e P. unifilis foi a espécie mais confiscada pelo IBAMA entre 1990 e 1998. No entanto, o número de quelônios confiscados entre 1990 e 198 foi pequeno em relação ao número de quelônios consumidos em 1998. Podocnemis expansa está distribuída pelo baixo e médio rio Guaporé, mas a desova ocorreu somente em 16 dos 56 potenciais sítios de desova para a espécie. A ausência de proteção e a proximidade de núcleos de população humanos aos potenciais sítios de desova podem estar entre as causas da ausência de desova nesses sítios. O comportamento social da espécie deve ser considerado como uma possível terceira causa. Apesar da proteção das áreas de desova e da proibição da caça há mais de 30 anos, os quelônios continuam sendo caçados inclusive dentro das áreas protegidas no rio Guaporé. Mais estudos para traçar um plano de manejo com a colaboração da comunidade humana local são necessários à conservação efetiva da espécie.
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