Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12254
Título: Um século de caça comercial na Amazônia
Autor: Antunes, André Pinassi
Orientador: Venticinque, Eduardo Martins
Palavras-chave: Caça comercial
Manejo e uso de fauna
Ecologia histórica
Data do documento: 12-Jun-2015
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Ecologia
Abstract: Amazonia is one of the last frontiers for the conservation and the sustainable use of wildlife. However, our understanding on the factors that determine the resilience of game species to the harvest has been studied restrictedly on time and space. From unpublished recent documentary evidence on the international trade in Amazonian animal hides, such as commercial records and cargo manifests, we performed the first study covering both wide spatial and time ranges, and highlight diverse gaps about this episode of the Amazonian historical ecology. At the first chapter, recently published at Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Ciências Humanas), we describe as important international economic-political events influenced on demand for Amazonian animal hides. This trade grew gradually after the rubber collapse (1912), then spiked between mid-1930s and the II World War, declined somewhat after the war, reviving again in the 1960s until the sign of the Brazilian Fauna Protected Law (1967) and CITES (1975), which theoretically should be halted this trade, but it persisted while there was international demand for Amazonian hides. In the second chapter, we investigate signs of overharvest using trend analysis on time series spanning 66 years for each of the 19 target-species. Conservatively, over 20 million animals were killed for their hides from central-western Brazilian Amazon. Accessibility of habitats, as well as the heightened vulnerability of social and diurnal species, appear to be as important as standard biological parameters such as reproductive rate and carrying capacity in predicting harvest resilience in Amazonia. Rivers and floodplains were easily accessible to hunters while the forested interior was not, providing most terrestrial species with adequate refugia to sustain commercial harvest. At the third chapter, we highlighted the east-west gradients in abundances of the white-lipped peccary, collared peccary and red-brocket deer throughout the Amazon. These spatial distribution on ungulate abundances are highly predicted by similar gradient in soil fertility. However, hunting intensity surpasses soil fertility in predict the resilience of more vulnerable species to the commercial hunting, such as the white-lipped peccary. The relevance of our founds shows the importance of the most recent historical ecology to the debate on the historical human influence over the Amazonia, improving our understanding on their variable exploitation capacity and finally providing guidelines for the conservation and sustainable use of the Amazonian wildlife.
Resumo: A Amazônia é uma das últimas fronteiras aonde ainda são possíveis a conservação e o uso sustentável da fauna silvestre. Nosso conhecimento sobre os fatores que determinam a resiliência das espécies cinegéticas à caça advém principalmente de estudos pontuais, seja no espaço, como no tempo. Utilizando de um vasto acervo documental inédito sobre o comércio de peles na Amazônia centro-ocidental brasileira, realizamos o primeiro estudo cobrindo ampla escala temporal e regional, e elucidamos, em três capítulos, diversas lacunas do conhecimento acerca desse episódio da ecologia histórica Amazônica. No primeiro capítulo, publicado no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Ciências Humanas) em 2014, descrevemos, como importantes eventos políticoeconômicos mundiais influenciaram o comportamento da demanda por peles silvestres na Amazônia. Esse comércio aumentou sua escala logo após ao colapso do preço da borracha (1912), atingiu um pico entre meados da década de 1930 e a Segunda Guerra Mundial, declinou levemente após o término do conflito, e voltou a crescer durante as décadas de 1960-1970, até as publicações da Lei da Fauna (1967) e da CITES em 1975, que em teoria deveriam extinguir o comércio, mas que se manteve enquanto houve demanda internacional. Descrevemos ainda que o comércio de peles esteve totalmente inserido no modelo econômico regional denominado de aviamento. Uma vez conhecidas as tendências gerais do comércio de peles na Amazônia, analisamos, no segundo capítulo, séries temporais de 66 anos para 10 espécies-alvo usando regressões spline, com o objetivo de verificar a resiliência das espécies. Mais do que parâmetros ecológicos padrões na predição da resiliência, como, por exemplo, a taxa intrínseca de crescimento populacional (rmax), o acesso às áreas de caça parece ter sido o principal fator da resiliência das espécies à caça comercial ao longo do século XX. A menor área relativa dos ambientes aquáticos e o acesso facilitado parecem ter determinado o colapso das populações de espécies aquáticas e semi-aquáticas na bacia Amazônica, enquanto que o acesso limitado aos ambientes terrestres deve ter mantido extensos refúgios para a fauna. No terceiro capítulo, usamos registros comerciais da produção de peles silvestres de queixada, caititu e veado-vermelho nas décadas de 1930-1940, em todos os 34 municípios históricos da Amazônia centro-ocidental brasileira. Após a produção ser padronizada pelo número de habitantes nas zonas rurais, como uma forma de controlar diferenças no esforço de caça, torna-se evidente o gradiente leste-oeste na abundância de três espécies de ungulados nesse região. Esse padrão espacial encontra-se mais correlacionado com a fertilidade do solo nesses municípios do que com a fatores climáticos, como pluviosidade anual ou coeficiente de sazonalidade. No entanto, a intensidade de caça ultrapassa o efeito da fertilidade do solo na predição da resiliência das espécies mais vulneráveis à caça comercial, como o queixada. A relevância dos nossos resultados demonstra a importância da ecologia histórica recente para o debate sobre a influência humana pretérita na Amazônia, além de incrementar tanto nosso entendimento sobre a variável capacidade de explotação dos recursos naturais na Amazônia, como nossas ferramentas na aplicação de ações para a conservação e manejo da biodiversidade.
Aparece nas coleções:Doutorado - ECO

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
TESE FINAL ANDRE_ANTUNES_2015 (1).pdf10,76 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Este item está licenciada sob uma Licença Creative Commons Creative Commons