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Título: A tomada de decisões conservacionistas baseadas em informações sobre a biodiversidade em empreendimentos hidrelétricos na Bacia Amazônica
Autor: Koblitz, Rodrigo Vasconcelos
Orientador: Magnusson, William Ernest
Coorientador: Bergallo, Helena de Godoy
Palavras-chave: Planejamento Ambiental
Impacto ambiental
Curva do coletor
Data do documento: 3-Mar-2017
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Ecologia
Abstract: Environmental impact studies (EIAs) are used to understand the potential impacts of a construction and to suggest whether the project is viable under the environmental point of view. However, few ecological tools of analysis are currently used for this conclusion. One of them is the legal requirement for the stabilization of the collector curve, which has been strongly accepted by the consultants and employees of Ibama (Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources) because it is well known and used by some researchers in the world to analyze EIAs. However, the assumptions of the analysis are rarely found in real decision-making situations about hydroelectric dams. The main factor that prevents its use is the impossibility of performing random sampling in large areas of difficult access. In some spatial scales, the absence of randomization is not relevant, but this is not the case with hydroelectric projects in the Amazon basin. If this assumption can not be met, decision-making based on the collector curve is not informative about the validity of the sampling. The species richness measured by the collector curve has had little applicability by conservation biology. Knowledge of the elements of biodiversity present is considered more relevant today and, therefore, sampling in all area of inference is a more useful recommendation, since knowledge of less rare species can give more support in decision making. Complementarity is the current paradigm of conservation biology that relies on some widely used algorithms and analytical tools in the world. Choosing conservation targets that should be considered relevant is a critical part of this process. Initially, we considered the list of targets presented in the EIAs, those required by the legislation, and also those listed at a workshop of researchers on hydroelectric dams in the Tapajós River basin. The selection of priority targets was made in this study through the spatial overlap of these initial targets with all the dams built and planned in the Amazon basin. The analyzes indicated that only aquatic targets were threatened by dams, and the use of a high number of targets may lead to the erroneous conclusion that there is little impact on the targets analyzed. The Tapajós basin is planned to receive the greatest investment in construction of new dams by the current proposal of the Brazilian Ministry of Mines and Energy. Using only the targets that were selected in Chapter 2, a simulation of dam combinations was made by contrasting the hydroelectric potential and the degradation in biodiversity that each potential combination could cause. By means of the Pareto frontier analysis, some arrangements of dams have resulted in “win-win” situations, showing that energy production can be compatible with environmental preservation, but these best combinations are not the current government's proposal. One of the most efficient points showed that it is possible to produce 78% of the potential electricity with a loss of 21% of biodiversity compared to the current government proposal. All the results were strongly influenced by the choice of the analyzed targets and these should be investigated more thoroughly before hydroelectric decisions are made in the basin.
Resumo: O Estudo de Impacto Ambiental - EIA é utilizado para entender os impactos de uma intervenção humana no meio ambiente e sugerir se o empreendimento é ou não viável sob o ponto de vista ambiental. No entanto, atualmente, são usadas poucas ferramentas ecológicas de análise para embasar essa conclusão. Uma delas é a exigência legal da estabilização da curva do coletor, que tem um forte aceite pelas empresas de consultoria e pelos órgão licenciadores porque é bem conhecida e utilizada por alguns pesquisadores no mundo para analisar EIAs. Entretanto, as premissas da análise raramente são encontradas em situações reais de tomada de decisão sobre hidrelétricas. No capítulo 1 analisamos se o estimador de número de espécies dado pela Curva do Coletor é robusta a essa ausência de premissas. Utilizamos anuros como o elemento da fauna porque eram os dados disponíveis nos 4 sítios de amostragem. O principal fator que impede o uso da curva do coletor é a impossibilidade de se realizar amostragens aleatórias em grandes áreas de difícil acesso. Em algumas escalas espaciais, a ausência de aleatorização não é relevante, mas esse não é o caso de empreendimentos hidrelétricos na bacia amazônica. Na impossibilidade de atender a esse pressuposto, a tomada de decisão baseada em curva do coletor é pouco elucidativa sobre a validade da amostragem. A riqueza de espécies estimada pela curva do coletor tem tido pouca aplicabilidade pela biologia da conservação. O conhecimento dos elementos da biodiversidade presentes é considerado mais relevante atualmente e, portanto, a realização de amostragens em toda área de inferência é uma recomendação mais útil, pois o conhecimento das espécies menos raras pode ajudar mais na tomada de decisão. A complementaridade é o atual paradigma da biologia da conservação, que conta com alguns algoritmos e ferramentas largamente usadas no mundo. Os mais comuns desses algorítimos podem ser nomeados de Planejamento Sistemático da Conservação (PSC), que é uma lógica que estabelece algumas etapas fundamentais que o processo de decisão deve seguir até chegar a se discutir o que deve ou não ser preservado. Escolher os alvos que devem ser considerados como relevantes é parte crítica desse processo. No capítulo 2 realizamos essa etapa do PSC e procuramos estabelecer os alvos para a região hidrográfica da Amazônia brasileira que estão ameaçadas pelas hidrelétricas a serem instaladas. Para isso, inicialmente consideramos a lista de alvos apresentadas nos EIAs, aqueles exigidos pela legislação, e em um encontro de pesquisadores sobre hidrelétricas . Foram elencados 335 alvos entre espécies e feições geográficas que potencialmente seriam afetados pelas barragens. A seleção de alvos prioritários foi feita através da sobreposição espacial desses alvos iniciais com todas as barragens construídas e planejadas na região hidrográfica da Amazônia. As análises indicaram que apenas alvos aquáticos foram ameaçados pelas represas e também ficou evidente que a bacia do Tapajós será a mais afetada pela instalação das novas barragens. . Na bacia do Tapajós será feito o maior investimento em construção de novas barragens pela proposta do setor elétrico. No capítulo 3, foi feita uma simulação das combinações de barragens mensurando o potencial hidrelétrico e nos impactos previstos sobre a biodiversidade que cada potencial combinação de empreendimentos poderia causar. Os elementos de biodiversidade usados foram as espécies (p.e Trichechus inuinguis e Brachyplatystoma rousseauxii) e ambientes (p.e. pedrais e rios conectados) selecionados no capítulo 2. Como custo da preservação desses elementos foram considerados a quantidade de energia perdida em Mega Watts(que são as barragens que não poderia ser construída) para que a área não fosse degradada e o alvo pudesse persistir. A análise foi feita através da Fronteira de Pareto, que é uma ferramenta apropriada para comparar dois recursos competitivos. A investigação dessa curva pode mostrar alguns níveis ótimos de utilização de um recurso prejudicando o mínimo possível do uso do outro recurso. Através da fronteira de Pareto alguns pontos encontraram a situação de ganha-ganha, mostrando que pode ser compatível a produção de energia com a preservação ambiental, mas essas melhores combinações não são a proposta atual do governo. A fronteira de Pareto revela que um dos pontos de maior eficiência mostrou que é possível produzir 78% da energia elétrica potencial planejada com uma perda estimada de 21% da biodiversidade em relação à proposta atual do governo. Todos os resultados foram fortemente influenciados pela escolha dos alvos analisados e esses devem ser investigados mais a fundo antes da tomada de decisões sobre hidrelétricas na bacia.
Aparece nas coleções:Doutorado - ECO

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