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Título: Padrões de atividade e uso de habitat por ariranha (Pteronura brasiliensis: Zimmermann, 1780) no reservatório da usina hidrelétrica de Balbina, Amazonas, Brasil.
Autor: Ramalheira, Claudiane dos Santos
Orientador: Silva, Vera Maria Ferreira da
Coorientador: Rosas, Fernando César Weber
Palavras-chave: Padrões de atividade
uso de habitat
Comportamento
hidrelétricas
Data do documento: 7-Jun-2018
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Abstract: The giant otter (Pteronura brasiliensis) is a social, territorialist, and semi-aquatic mammal endemic to the South American continent, which is currently threatened with extinction according to IUCN. This study aimed to describe the behavior and habitat use of free-ranging giant otters in the Balbina hydroelectric reservoir. Three giant otters from distinct groups were caught to implant intraperitoneal radio transmitters, two of them in 2012 (one of which was a transient, while the other was a member of a five animal group) and a third caught in 2014, which belonged to a group of seven animals. These otters and their groups were tracked for a total of 1,860h and 12 minutes, performed throughout 572 days. Traveling was the most frequent behavior observed (>43%), which was far greater than the frequency described in the literature for non-dammed areas in the Peruvian Amazon and in the Brazilian Pantanal. Fishing frequency (35.7%) and marking frequency (1.1%) observed in Balbina were similar to those recorded for non-dammed areas in the Amazon but were much lower than the frequencies mentioned for the Pantanal area (64.0% and 9.0%, respectively). Studies show that giant otters are close to the environmental carrying capacity in the Brazilian Pantanal, which probably explains the high frequencies of fishing and marking in that biome. Diurnal resting was the activity that presented the highest duration in this study (>50 minutes), which is very similar to the duration mentioned for giant otters in non-dammed areas, suggesting this is a general tendency for the species as a whole. The giant otters in Balbina usually left their dens/shelters between 06:00h and 08:00h and tended to return to their nocturnal sleeping sites between 17:00h and 19:00h, which is similar to the trend reported for giant otters in non-dammed areas. When water levels are high in the Balbina reservoir, giant otters tend to travel, fish, and mark more than they do during the period when the water level is low, probably due to the territory expansion that occurs during high water level periods. Regarding habitat use, a total of 237 fishing areas and 165 campsites distributed among all three giant otter groups tracked were identified. The mean depth of fishing areas was 3.22 ±2.00m, and the mean water transparency was 2.32±0.22m. The otters fished more frequently (>45%) in habitats classified as “lake” - defined here as areas between islands of the reservoir - and occurred away from the margins, among the dead trees of the permanently flooded forest (>50%). The most frequently used campsites were those placed on banks (>33%) and on dead tree trunks (>37%). The mean length of campsites on banks was 5.02±2.92m, the mean width was 4.71±2.78m, and the mean slope was 24±8°. When the campsite was placed on trunks, the mean length, circumference, and slope of the trunks were 8.02±5.09m, 2.51±0.89m, and 22±8°, respectively. The use of campsites in habitats classified as “lake” was also the most frequently recorded (50%), and they were similarly distributed between areas with and without vegetation cover. More than 60% of campsites occurred in areas with no dens or shelters close by. The giant otters in Balbina presented high site fidelity and were recorded up to 58 times using the same den during the study period. The behavior and habitat use of giant otters in a dammed area are presented here for the first time and can subsidize strategies for species conservation. Keywords: Activity pattern, behavior, habitat use, hydroelectric dam, Pteronura brasiliensis.
Resumo: A ariranha (Pteronura brasiliensis) é um mamífero semiaquático social, territorial e endêmico da América do Sul, atualmente classificado pela IUCN como ameaçado de extinção. Este estudo teve como objetivo descrever o comportamento de ariranhas de vida livre, e caracterizar os habitats utilizados pela espécie no reservatório da UHE de Balbina. Para tal, foram capturadas três ariranhas de diferentes grupos para implante intraperitoneal de transmissores, sendo duas delas capturadas em 2012 (uma ariranha transiente e outra de um grupo de 5 animais), e a terceira em 2014, pertencente a um grupo de 7 animais. Foi realizado um total de 1.860h e 12 minutos de radio rastreamento, totalizando 572 dias de monitoramento. O comportamento mais frequente observado foi o deslocamento, tanto para os animais que viviam em grupo, quanto para o animal transiente (>43,0%), e foi bem superior a frequência de deslocamento descrita na literatura para ariranhas em ambientes não represados na Amazônia peruana e no Pantanal brasileiro. As frequências de pesca (35,7%) e de marcação (1,1%) observadas na Balbina foram similares às frequências registradas em ambientes não represados na Amazônia, mas foram muito inferiores à pesca e marcação citadas para o Pantanal (64,0% e 9,0%, respectivamente). A literatura menciona que as ariranhas no Pantanal estão próximas da capacidade de suporte do ambiente, o que poderia explicar as maiores frequências de pesca e de marcação naquele bioma. O descanso diurno foi o padrão de atividade que teve maior duração neste estudo (>50 minutos), valor este muito similar ao tempo médio de duração dessa atividade pelos grupos de ariranhas fora de represas (50 minutos), sugerindo ser essa uma tendência geral para a espécie. As saídas de tocas/refúgios em Balbina ocorreram com mais frequência entre as 06:00h e 08:00h, e o retorno aos locais de dormida noturna entre as 17:00h e 19:00h, horários estes similares ao relatado para ariranhas em ambientes não represados. Os resultados revelaram que no período de águas altas no reservatório as ariranhas tendem a se deslocar, pescar e marcar mais do que no período de águas baixas, provavelmente decorrente da expansão territorial que ocorre no período de cheia. Quanto ao uso de habitat, foram identificados 237 locais de pesca e 165 paragens distribuídos entre as ariranhas radio rastreadas. A profundidade média encontrada nos locais de pesca foi de 3,22±2,00m, e a transparência média das águas foi de 2,32±0,22m. Foi observado que as ariranhas pescaram com maior frequência (>45%) em ambientes do tipo “lago”, os quais, nesse estudo, foram definidos como áreas entre as ilhas do reservatório, e ocorreu principalmente em locais afastados da margem, por entre as árvores mortas da floresta alagada (>50%). As paragens com maior frequência de uso foram aquelas situadas em barrancos (>33%) e em troncos (>37%). O comprimento médio das paragens nos barrancos foi de 5,02±2,92m, a largura média de 4,71±2,78m e o ângulo médio de inclinação de 24±8°. Quando situadas em troncos, as médias de comprimento, circunferência e ângulo de inclinação foram de 8,02±5,09m, 2,51±0,89m e 22±8°, respectivamente. O uso de paragens em habitats do tipo “lago” foi também o mais frequentemente utilizado pelas ariranhas (50% de uso). As paragens apresentaram frequências de ocorrência similares tanto em áreas com cobertura vegetal, como em áreas sem cobertura vegetal, e ocorreram com maior frequência (>60%) em locais distantes de tocas ou refúgios. As ariranhas na Balbina revelaram- se muito fieis a determinados locais, chegando a usar uma mesma toca até 58 vezes durante o período de estudo. Os resultados aqui apresentados sobre o comportamento e uso de habitat pelas ariranhas em ambientes represados são inéditos e poderão servir de base para definição de estratégias de conservação da espécie. Palavras-chave: Comportamento, hidrelétricas, padrões de atividades, Pteronura brasiliensis, uso de habitat.
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