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Título: Pesca e ecologia dos peixes de Rondônia
Autor: Santos, Geraldo Mendes dos
Orientador: Garavello, Júlio César
Data do documento: 1991
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Resumo: O presente trabalho trata sobre o levantamento taxonômico, a distribuição e os aspectos ecológicos relacionados com a pesca, os hábitos alimentares e reprodutivos dos peixes de Rondônia, nas bacias dos rios Jamari, Machado, Guaporé, Mamoré e Pacaás Novos. As coletas foram feitas trimestralmente, entre 1984 e 1988, em várias localidades, utilizando-se de uma bateria de malhadeiras padronizadas, de diferentes tamanhos de malha, além de diversos outros aparelhos de pesca. Foram coletados aproximadamente 30 mil peixes, sendo 7.914 com malhadeiras. Uma parte desse material foi examinada no campo para observação dos ítens alimentares e dos estádios gonadais e outra foi trazida para o INPA, Manaus, onde foi organizada uma coleção com 8.257 exemplares. A partir desse material foi feito o levantamento taxonômico, que resultou na identificação de 334 espécies, pertencentes a 9 ordens e 38 famílias. Cerca de 75% dos peixes pertencem à super-ordem Ostariophysi (Characiformes e Siluriformes) e 10% à Perciformes. Observou-se que nem todas as espécies distribuem-se amplamente, havendo um certo grau de preferência por determinados rios ou biótopos. Uma análise baseada em algumas espécies de grande porte e/ou bem conhecidas taxonômica e popularmente, como Semaprochilodus spp (jaraqui), Pseudorinelepis genibarbis (acari-bodó) e os representantes das famílias Osteoglossidae (aruanã e pirarucu) e Ctenoluciidae (pirarucu ou arumará), mostra que estes peixes não ocorrem nos rios localizados a montante das cachoeiras do rio Madeira, entre Porto Velho e Guajará Mirim, havendo evidências, portanto, de que estas cachoeiras constituem-se em barreiras físicas à sua dispersão. A abundância de espécies, com raras exceções, mostrou-se relativamente uniforme, não havendo dominância de uma espécie em particular sobre as demais. A diversidade da ictiofauna foi bastante elevada, com exceção de um iagarapé represado (IGR), onde as condições naturais se encontravam profundamente alteradas pela intervenção humana. O rendimento da pesca experimental com malhadeiras apresentou uma ampla variação nos diversos rios e biótopos, mas mostrou-se relativamente baixo no período de cheia, provavelmente em razão do maior volume d'água dos rios e da maior disponibilidade de esconderijos para os peixes. Dividindo-se as espécies em cinco categorias tróficas, ficou evidente que os peixes piscívoros e onívoros são dominantes, em termos de número de espécies e biomassa, sendo poucos os planctófagos e herbívoros. A maioria das espécies tem desova total, que coincide com o início da enchente dos rios, no entanto algumas desovam também em outras épocas, estendendo o período reprodutivo por todo o ano. A ausência de alevinos e jovens da maioria dos peixes de médio e grande porte nos rios de água clara evidenciam que eles empreendem migrações para a desova no sistema de água branca, de onde posteriormente provém novos recrutamentos.
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