Inapropriado para mais de 99% das espécies: Uma crítica a "River-barrier hypothesis" e demonstração de uma hipótese alternativa para explicar duas espécies distribuídas alopatricamente por grandes rios

Abstract

A importância de grandes rios como barreiras geográficas para dispersão das espécies e como critério para definir áreas de endemismo para várias linhagens filogenéticas na Amazônia ainda é controversa. Dispersão através dos rios é comum, indicando que a maioria dos rios não são barreiras físicas absolutas para a dispersão de espécies. Nesse sentido, nós testamos a capacidade da hipótese de grandes rios para explicar padrões de diversidade de espécies e limites de distribuição espacial para 1952 espécies facilmente detectáveis que ocorrem ao redor do rio Madeira (Capítulo 1); e levantamos a questão de por que indivíduos de espécies semelhantes que atravessam os rios não resultam na exclusão competitiva de uma das espécies (Capítulo 2). No Capítulo 1, nossos resultados indicaram que a hipótese de que o rio Madeira é a borda entre áreas de endemismo e explica grande parte da diversidade encontrada na região foi inadequada para mais de 99% das espécies. No Capítulo 2, nosso estudo demonstrou que processos neutros associados à dispersão reduzida através dos rios podem manter espécies competitivamente idênticas distribuídas alopatricamente por centenas de gerações. Em conclusão, nossos resultados indicam que hipóteses alternativas devem ser propostas para explicar os limites das distribuições de espécies, bem como uma revisão dos critérios que são usados para determinar as áreas de endemismo; e que processos neutros e dispersão reduzida por um grande rio, fornecem um mecanismo potencial para a manutenção da biodiversidade amazônica, facilitando potencialmente outros processos, como deriva genética e adaptação local que podem resultar em isolamento reprodutivo.