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Título: Conhecimento ecológico tradicional e domesticação de árvores na Amazônia brasileira
Título(s) alternativo(s): Traditional ecological knowledge and tree domestication in the Brazilian Amazon
Autor: Alves, Rubana Palhares
Orientador: Schietti, Juliana
Coorientador: Clement, Charles Roland
Palavras-chave: Etnoecologia
Ecologia histórica
Domesticação de plantas
Data do documento: 27-Abr-2023
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Ecologia
Abstract: For thousands of years, Indigenous peoples and local communities have used, managed, and domesticated plants, and possess vast ecological knowledge about biodiversity. In Amazonia, an estimated 84 % of trees and palms are useful to humans. However, the livelihoods and knowledge of Amazonian traditional communities may be compromised by advancing environmental threats that cause land-use change and biodiversity loss. In this thesis, we analyze how environmental threats (deforestation, mining, and fires) and personal characteristics of local specialists influence some components of traditional ecological knowledge related to forests; and we highlight people's interactions with piquia (Caryocar villosum), a typical tree of terra firme forests, with wide distribution in the biome, looking for evidence of its domestication. From 2015 to 2019, we interviewed 208 local specialists from 27 communities within or near ten protected areas in Brazilian Amazonia. We recorded 795 useful ethnospecies. Using Mixed Effects Models, we found that environmental threats had smaller effects on traditional ecological knowledge than personal characteristics. People with more forest experience and men tended to cite more used and traded ethnospecies. Specialists living in communities influenced by mining cited fewer used ethnospecies, and those from more deforested communities cited proportionally more cultivation. To investigate people's relationships with piquia, we analyzed 162 interviews about the uses and management of the species, mapped and compiled records of its occurrence and abundance, characterized its genetic diversity and structure, and reconstructed phylogenetic history based on genotyping by sequencing of 42 trees sampled in 11 areas. Piquia has great versatility of uses and management, with many management practices related to domestication. We found more occurrences, higher abundance, and slightly more genetic diversity in Eastern Brazilian Amazonia, suggesting that this is the origin of piquia domestication. Trees in the Western Brazilian Amazon constituted a monophyletic group, with recent divergence, around 9-10 thousand years ago. Phylogeny suggests that piquia, after undergoing selection in the East, was dispersed by humans to the West of Brazilian Amazonia. The history of the plants in Amazonia is linked to the trajectories of the Indigenous Peoples and local communities. They were responsible for the dispersal of piquia over long distances, and the process of domestication of the species, which began in the past, is still ongoing. These people and their knowledge resist environmental threats and must be considered in proposals for new economic models that seek to maintain standing forests and their traditional uses. To contribute to the dissemination and appreciation of the ecological knowledge and long-term history of the communities that are partners in this thesis, didactic materials of different kinds containing researched elements were prepared, presented, and distributed in the communities.
Resumo: Há milhares de anos, Povos Indígenas e comunidades locais usam, manejam e domesticam plantas, possuindo um vasto conhecimento ecológico sobre a biodiversidade. Na Amazônia, estima-se que 84 % das árvores e palmeiras sejam úteis para os humanos. No entanto, a subsistência e o conhecimento dos povos tradicionais amazônicos podem estar comprometidos pelo avanço das ameaças ambientais que causam mudanças no uso da terra e perda da biodiversidade. Nesta tese, analisamos como ameaças ambientais (desmatamento, mineração e incêndios) e características pessoais de especialistas locais influenciam alguns componentes do conhecimento ecológico tradicional relacionado às florestas; e destacamos as interações das pessoas com o piquiá (Caryocar villosum), árvore típica de florestas de terra firme, com ampla distribuição no bioma, buscando evidências da sua domesticação. De 2015 a 2019, entrevistamos 208 especialistas locais de 27 comunidades dentro ou próximas de dez áreas protegidas na Amazônia brasileira. Registramos 795 etnoespécies úteis. Usando Modelos de Efeitos Mistos, verificamos que as ameaças ambientais tiveram efeitos menores sobre o conhecimento ecológico tradicional do que as características pessoais. Pessoas com mais experiência florestal e homens tendem a citar mais etnoespécies utilizadas e comercializadas. Especialistas que vivem em comunidades influenciadas pelo garimpo citaram menos etnoespécies utilizadas, e os de comunidades mais desmatadas citaram proporcionalmente mais cultivo. Para investigar as relações das pessoas com o piquiá, analisamos 162 entrevistas sobre os usos e manejos da espécie; mapeamos e compilamos registros da sua ocorrência e abundância; caracterizamos a diversidade e estrutura genética, e reconstruímos a história filogenética com base na genotipagem por sequenciamento de 42 árvores, amostradas em 11 áreas. O piquiá tem grande versatilidade de usos e manejos, com diversas práticas de manejo relacionadas à domesticação. Encontramos mais ocorrências, maior abundância e um pouco mais de diversidade genética no Leste da Amazônia brasileira, sugerindo que essa é a região de origem da domesticação de piquiá. As árvores do Oeste da Amazônia brasileira constituíram um grupo monofilético, com divergência recente, em torno de 9-10 mil anos atrás. A filogenia sugere que o piquiá, após passar por seleções no Leste, foi dispersado por humanos para o Oeste da Amazônia brasileira. A história das plantas na Amazônia está ligada às trajetórias dos Povos Indígenas e comunidades locais. Eles foram responsáveis pela dispersão do piquiá a longas distâncias, e o processo de domesticação da espécie, iniciado no passado, segue em curso. Estes povos e seus saberes resistem às ameaças ambientais e devem ser considerados em propostas de novos modelos econômicos que busquem manter as florestas em pé e seus usos tradicionais. A fim de contribuir para a divulgação e valorização do conhecimento ecológico e da história de longa duração das comunidades parceiras desta tese, materiais didáticos de diferentes naturezas contendo elementos pesquisados foram elaborados, apresentados e distribuídos nas comunidades.
Aparece nas coleções:Doutorado - ECO

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