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Título: Dinâmica de três comunidades de Papilionoidea (Insecta: Lepidoptera) em fragmentos de floresta na Amazônia Central
Autor: Honegger, Roger William Hutchings
Orientador: Brown, Keith S.
Data do documento: 1991
Editor: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa: Ecologia
Resumo: Foi estudada a dinâmica de comunidades de Papilionoidea (Lepidoptera), em fragmentos da floresta de terra-firme localizada a 80 km ao norte de Manaus, entre dezembro de 1985 e dezembro de 1986. Três áreas de um hectare cada (duas isoladas por capoeira e uma em floresta contínua), com perfil topográfico diferente, foram amostradas periodicamente, a cada 15-20 dias durante um ano, registrando-se a presença das espécies de borboletas observadas, junto com as condições climáticas locais. Os solos e vegetação das áreas são comparadas; não existem diferenças significativas na textura do solo, na proporção das famílias de árvores e na distribuição das classes de tamanho das árvores (DAP) entre as áreas. Um total de 217 espécies de borboletas (12.344 indivíduos) foi registrado durante 293 horas/pessoa de observação (49 listas diárias) nas três áreas; um mínimo de 114 horas/pessoa e 15 listas diárias por área. As curvas de espécie (cumulativas) vs horas-pessoa efetivas e vs dia não atingiram assíntotas. O maior número de espécies (e de indivíduos) foi registrado nas áreas isoladas (139 (5800) e 134 (3527) vs 107 (3017), respectivamente); os valores do índice de similaridade (S) indica uma maior afinidade entre as áreas isoladas que entre estas e a área não-isolada. 10% das espécies registradas (21 espécies, maioria Lycaenidae) representam registros novos para o PDBFF. Cinco famílias de Papilionoidea estão representadas entre as espécies registradas: Nymphalidae (42%), Riodinidae (28%), Lycaenidae (27%), Pieridae (2%) e Papilionidae (1%). As porcentagens de Nymphalidae e Riodinidae são maiores na área não isolada, enquanto Lycaenidae é maior nas áreas isoladas. As espécies de Pieridae têm uma distribuição similar entre as áreas e as Papilionidae não foram encontradas na área não isolada. Entre os Nymphalidae as diferenças na distribuição das espécies entre as áreas isoladas e não isoladas refletem os hábitos das mesmas. Mesmo quando as proporções dos grupos texonômicos nas áreas são similares as espécies dentro de cada área são diferentes; o número de Nymphalinae e Charaxinae nas áreas não isoladas são similares mas as espécies são diferentes e o número de Riodinidae nas áreas é similar mas existem poucas afinidades. As espécies registradas estão distribuídas em quatro grupos ecológicos: umbrófilas (25%), heliófilas (22%), copa/clareira (33%) e beira (17%). O número e a proporção (%) de espécies umbrófilas e heliófilas são maiores na área não isolada, enquanto que as espécies de beira são maiores nas áreas isoladas. O número de espécies de copa/clareira é maior nas áreas isoladas. Existe maior afinidade entre as áreas isoladas, em todos os grupos ecológicos, com exceção das espécies umbrófilas onde existe uma maior afinidade entre a área não isolada e uma das isoladas. O número e a proporção dos grupos ecológicos nas áreas isoladas é similar mas as espécies são diferentes; com algumas espécies de copa/clareira há mais numa das áreas. As diferenças entre as áreas isoladas e não isoladas é caracterizada pelo aumento das umbrófilas e o decréscimo das espécies de beira na área não isolada. A maior proporção (76%), das 98 espécies de "fauna geral", é encontrada na área não isolada em comparação com as áreas isoladas (48% e 45%). Existe uma maior afinidade entre as duas áreas isoladas que entre estas e a área não isolada. A menor proporção de espécies de "fauna geral" nas áreas isoladas é devido ao grande número de espécies de beira. As distribuições das abundâncias não apresentam a curva "normal, truncada", mas indicam comunidades similares, com alta diversidade, com muito poucas espécies dominantes. As curvas de abundância relativa das espécies são características de uma comunidade de espécies com uma diversidade muito alta e um grau de dominância relativamente baixa. O índice de diversidade (H') para as três áreas foi 3.0341. A lista total para a área não isolada apresenta o menor valor deste índice (2.2548) enquanto as áreas isoladas apresentam valores maiores (2.9275 e 3.0681); estas diferenças são muito significantes (p0.001). A média do número de espécies registradas em cada amostragem foi maior nas áreas isoladas (38.9 e 34.4) que na área não isolada (29.1). As listas com maior número de espécies nas áreas isoladas estavam concentradas no final do ano (outubro a dezembro) enquanto as listas maiores da área não isolada ocorreram em setembro e outubro; estes picos no número de espécies correspondem aos primeiros meses depois da época da seca. A densidade de indivíduos teve o mesmo pico nos meses de novembro e dezembro nas três áreas. Teve outros dois picos em janeiro-fevereiro e março, numa das áreas isoladas, que não ocorreram nas outras áreas. O pico no número de indivíduos na área não isolada não corresponde ao pico no número de espécies que ocorreu nos meses de setembro e outubro; nas outras áreas as flutuações no número de espécies são semelhantes as flutuações no número de indivíduos. A proporção dos Nymphalidae durante o período de amostragem é diferente em cada área de estudo: na área não isolada aumenta até atingir um pico no mês de setembro e nas áreas isoladas apresenta várias oscilações com picos nos meses de fevereiro, junho e outubro. Os grandes picos observados durante a amostragem são devido ao aumento nas espécies de Lycaenidae e Riodinidae. Os Pieridae apresentaram densidades relativamente constantes e os Papilionidae foram raros. Os picos dos meses de junho e outubro numa das áreas isoladas são muito influenciados pelo aumento no número de espécies de Charaxinae e Nymphalinae. Em contraste, a densidade de Morphinae se manteve relativamente constante ao longo da amostragem. A proporção dos grupos ecológicos é muito diferente entre as áreas isoladas e a não isolada: o número de espécies de beira é reduzido na área não isolada, onde somente aparecem nos meses de maior densidade da comunidade (agosto a dezembro). Os picos das listas diárias são refletidos no aumento do número de espécies de copa/clareira e beira. A "fauna geral" tem uma variação mais homogênea ao longo da amostragem: o número de espécies se mantém relativamente constante nas áreas e somente a área não isolada tem um pico nos meses de setembro e outubro. As flutuações nas abundâncias observadas nas áreas são causadas por espécies que não formam parte do conjunto de fauna geral de floresta. Dos 544 indivíduos (51 espécies) que foram marcados, 92 (30 espécies) foram recapturados; 35 destes foram recapturados somente no mesmo dia. Estas recapturas permitiram registrar períodos de longevidade e movimento entre áreas para algumas espécies. A diferença existente antes do isolamento, entre a diversidade de espécies das áreas isoladas, atribuída a diferença na topografia das áreas, continua existindo; o número de espécies, de indivíduos e as médias das listas diárias sempre são maiores para uma das áreas, ainda que a diferença no número de espécies entre as duas áreas não seja tão grande quanto era antes do isolamento. Depois do processo de isolamento o número de espécies nas áreas é muito similar: houve uma perda maior de espécies de Satyrinae, Nymphalinae e Riodinidae e entre as espécies umbrófilas e heliófilas; e um ganho maior entre os Nymphalinae, Charaxinae, Lycaenidae e Riodinidae e entre as espécies de copa/clareira e beira.
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