Dieta e Relação de Abundância de Panthera Onca e Puma Concolor Com suas Espécies-Presa na Amazônia Central
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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Resumo
Jaguar, Panthera onca, and cougar, Puma concolor, occur sympatrically in most
tropical and subtropical evergreen forests on the American continent and have often been
classified as opportunistic predators. However, little is known about the feeding ecology of
these felids in the Amazon region and about predator-prey abundance relationships. In this
study, we analyzed the diet and prey availability of jaguar and cougar in 4 localities in
northern central Amazonia. Diet was assessed through faecal analysis and prey availability
was estimated by diurnal visual surveys and print traps. Predator relative abundance was
estimated by print traps. The identity of the predators was determined by molecular analysis
of feaces and the prey items were identified from hair structure. Overall dietary overlap was
high, in terms of mass of different kind of prey killed. Small-prey (< 10 kg) was captured
more by cougar than medium (10-30 kg) and large prey (>30 kg) in all localities. Jaguar
consumed more small prey than other groups only in Ducke Reserve, but the large-sized prey
(>30 kg) were the most frequent group in the other localities, which were analyzed together.
Arboreal mammals, principally sloths, were found in high frequency in the diet of cougar and
moderately in the diet of jaguar at Ducke Reserve. The relative-abundance indexes of jaguar
and cougar tended to covary with the abundance indexes of medium-sized (10-30 kg)
terrestrial mammals in all localities, but there was no tendency to covary with the abundance
indexes of small (<10 kg) or large (>30 kg) mammals. The tendency to covary with mediumsized
prey suggests they are the most important food sources for jaguar and cougar in the
northern central Amazonian. Our results do not support a significant presence of mediumsized
prey in jaguar and cougar diet. However, we had only a small sample of feces from
Viruá, Uatumã and Maracá. In Ducke reserve, the low abundance of medium-sized prey is
likely to be because of poaching. A literature review of jaguar and cougar diets from
rainforest regions indicated that, in areas where there are no the white-tailed deer, Odocoileus
virginianus (a large prey specie), medium-sized prey are the most frequent prey in jaguar and
cougar diets. In the areas where O. virginianus occurs, it is the main prey of jaguar and
cougar, resulting in a predominance of large prey (>30 kg) in the diet. Possibly, jaguar and
cougar primarily consume large mammals where they occur in abundance, are easy to catch
and are not dangerous to predators, but in areas where this group is scarce or dangerous, the
main group of prey is the medium-sized mammals. When easily taken large and medium-prey
are less abundant, jaguar and cougar take more small prey, as occurred in Ducke reserve. Our
results provide further evidence of opportunistic in feeding behavior by jaguars and cougars.
Resumo
A onça-pintada, Panthera onca, e a onça-parda, Puma concolor, ocorrem em simpatria
na maior parte das florestas tropicais e sub-tropicais da América e frequentemente têm sido
classificadas como predadores oportunistas. No entanto, pouco se sabe sobre a dieta desses
predadores na região amazônica e sobre as relações entre a abundância das onças e a
abundância de suas espécies-presa. Neste trabalho, nós acessamos a dieta de onça-pintada e de
onça-parda por meio de amostras fecais. Estimamos a abundância relativa de espécies-presa
diurnas por meio de observação direta em transectos diurnos e de espécies-presa noturnas e
das duas espécies de onça por meio de armadilhas de pegadas em quatro áreas com
fitiofisonomias distintas na Amazônia Central-Setentrional. A identidade dos predadores foi
determinada por meio de análise molecular das amostras fecais, e a identificação das espéciespresa
foi feita por meio de identificação dos pêlos presentes nas amostras. A sobreposição da
dieta de onça-pintada e onça-parda foi alta em termos da biomassa de diferentes tipos de
presas capturadas. A onça-parda capturou mamíferos de pequeno porte (<10 kg) com maior
frequência que mamíferos de médio e grande portes em todos os locais. A onça-pintada
também capturou com maior frequência mamíferos de pequeno porte na Reserva Ducke, mas
os mamíferos de grande porte (>30 kg) contribuíram mais para a biomassa de presas
capturadas nos demais locais, que foram analisados de maneira conjunta. Mamíferos
arborícolas, principalmente representados pela preguiça-real, ocorreram em alta frequência na
dieta de onça-parda na Reserva Ducke e em frequência moderada na dieta de onça-pintada
neste local. Os índices de abundância de onça-pintada e onça-parda tenderam a correlacionarse
com os índices de abundância de mamíferos terrestres de médio porte (10-30 kg) nas quatro
áreas amostradas, mas não com os índices de abundância de mamíferos de pequeno e grande
porte. A relação observada com presas de médio porte sugere que os ítens mais importantes
na dieta de onça-pintada e onça-parda na região central-setentrional da Amazônia são os
mamíferos de médio porte (10-30 kg). Nossos dados de dieta não dão suporte a uma presença
significativa de presas de médio porte na dieta das duas onças. Há que considerar, no entanto,
que o número de amostras fecais foi pequeno para Viruá, Uatumã e Maracá. Na reserva
Ducke, a baixa abundância de espécies-presa de médio porte em função da pressão de caça
clandestina pode ser a causa da alta frequência de mamíferos de pequeno porte na dieta dos
dois predadores. Uma revisão de estudos de dieta de P. onca e P. concolor em regiões de
floresta tropical indicou que em áreas onde não ocorre o veado de cauda branca, Odocoileus
virginianus (uma espécie-presa de grande porte), os mamíferos de tamanho médio são os mais
frequentes na dieta de ambas as onças. Nas áreas onde O. virginianus ocorre, ele é a presa
principal na dieta das duas onças, resultando em uma predominância de mamíferos de grande
porte (>30 kg). Possivelmente, as duas onças consomem prioritariamente mamíferos de
grande porte onde estes ocorrem em abundância, são fáceis de capturar e não oferecem
grandes riscos ao predador, mas em áreas onde este grupo de presas são mais escassos ou
perigosos, o grupo de espécie-presa principal passa a ser os mamíferos de médio porte.
Quando as presas de grande e médio porte estão menos disponíveis, as onças passam a utilizar
os mamíferos de pequeno porte com maior frequência, podendo, inclusive, alimentar-se
predominantemente de mamíferos arborícolas, como ocorreu na reserva Ducke. Nossos
resultados reforçam as evidências do caráter oportunista do comportamento alimentar de P.
onca e P. concolor.
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