Dissertação
Conhecimento indígena, atributos florísticos, estruturais e espectrais como subsídio para inventariar diferentes tipos de Florestas de Campinarana no rio Içana, Alto Rio Negro.
Carregando...
Arquivos
Data
Autores
Orientador(a)
Coorientador(a)
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Resumo
Nesta pesquisa, foram utilizados os conhecimentos e a percepção
indígena dos Baniwa, os inventários de composição e estrutura da vegetação, e a
reflectância nas faixas do visível e do infravermelho da imagem de satélite
Landsat TM5 como subsídio para identificar as Florestas de Campinarana.
Através destes três eixos buscou-se identificar e distinguir diferentes tipos de
Florestas de Campinarana nas comunidades de Aracu, Jandu e Juivitera no rio
Içana, Terra Indígena do Alto Rio Negro.
Nessas comunidades foram entrevistadas 10 pessoas e detectados 14
tipos de Florestas de Campinarana, Hamáliani na língua Baniwa. Foram
realizados 15 inventários abrangendo seis tipos de vegetação, dentro dos 14 tipos
acessado nas entrevistas, em um total de 0.2 ha por inventário. As parcelas de
cada inventário foram espalhadas em uma área aproximada de 200 X 200 m
(aproximadamente 45 pixels do sensor Landsat). Dentro dos seis tipos de
Campinarana inventariados, estão incluidos dois subtipos, alto e baixo, com os
seguintes nomes Baniwa: Anerima madoape kaawa (baixa) e Anerima dzenonipe
(alta), Waittirima madoape kaawa (baixa), Waittirima dzenonipe kaawa (alta),
Maarolina, Heridzolima, Añholima, e Waapalima.
A classificação etno-ambiental permitiu a sistematização e o registro
deste conhecimento, e sua correspondência foi demonstrada com os inventários
estruturais e florísticos; e com os atributos derivados da imagem, através de
ordenamentos (MDS, PCA) e agrupamentos. Existe um forte gradiente que
estrutura as Florestas de Campinarana nessas comunidades do Içana e que foi
demonstrado em dois ordenamentos tipo MDS com eixo único. Os ordenamentos
explicaram 77% e 87% da composição florística, utilizando respectivamente,
densidade e área basal relativa como indicadores de cada espécie. Este forte
gradiente é percebido pelos Baniwa, e é congruente com o primeiro eixo de um
ordenamento PCA dos inventários utilizando as três bandas do satélite. Houve
forte correlação entre o gradiente da composição florística e dois atributos
estruturais das parcelas: área basal/ha e altura média das árvores. No entanto, o
ordenamento em que foi usado índice de similaridade qualitativo mostrou
resultados diferentes agrupando os inventários pelas três áreas de estudo. Isto
pode ter ocorrido pelo uso de três informantes diferentes em cada comunidade
indígena, Alberto, Custódio e Roberto; ou uma possível relação entre a distância
geográfica e a composição de espécies mais raras. Um ordenamento tipo MDS
também foi aplicado aos tipos de Campinarana no sistema de classificação
Baniwa, utilizando, como o indicador de abundância da espécie, o número de
informantes (máximo 10) que disseram que uma espécie ocorre em determinado
tipo. Este ordenamento também resultou em um gradiente, mas com dois grupos
distintos, que são os tipos de Campinaranas com árvores baixas e as altas. A
sistematização do conhecimento indígena registra os usos e as percepções do
ambiente, e permite identificar as áreas que os índios utilizam para diversas
atividades de subsistência como caça, pesca, agricultura, extrativismo e
artesanato. Estudos com este enfoque proporcionam informações básicas sobre
os recursos existentes no ambiente, e possibilitam instrumentos de planejamento,
zoneamento e manejo dos recursos, bem como diálogo com as demais instâncias
da sociedade. Também contribui para um melhor entendimento da diversidade de
habitats da Amazônia, oferecendo um método eficiente para caracterizar e
localizar ambientes ainda pouco conhecidos.
Abstract
Baniwa indigenous knowledge and perception; vegetation composition
and structure; and canopy spectral reflectance in the visible and near infrared
bands of the Landsat 5 satellite sensor were all used to identify different white
sand forests (campinaranas). These three kinds of information were used to
distinguish different types of campinarana near the three Baniwa indigenous
communities of Aracu, Jandu and Juvitera, along 50 km of the Içana River in the
upper Negro River Basin.
Ten people were interviewed and 14 campinarana types (Hamáliani in
Baniwa) detected. Fifteen quantitative inventories covering several types were
conducted, each in an area of 0.2 hectares. Parts of each inventory were spread
over an area of about 200 x 200m to facilitate collecting average spectral
reflectance from the Landsat image. These 15 inventories covered replicates of six
campinarana types, including two subtypes (“high” and “low” canopy stature),
making eight distinct types for quantitative analyses and comparisons. In Baniwa,
these were: Anerima madoape kaawa (low) e Anerima dzenonipe (high),
Waittirima madoape kaawa (low), Waittirima dzenonipe kaawa (high), Maarolina,
Heridzolima, Añholima, and Waapalima.
An ethno-environmental classification allowed this knowledge to be
recorded and organized. Baniwa classes of forest were compared with ordination
(MDS, PCA) and cluster analyses of the 15 inventories. The ordinations were
conducted separately for structural, floristic and spectral attributes to allow
comparison between gradients patterns derived from each of these attribute types.
Floristic information was based exclusively on Baniwa identifications in the field.
Using quantitative similarity indices, there was a strong floristic gradient that
structured the Campinarana forests of the Içana. This was seen in two single-axis
MDS ordinations that used density and basal area as the species-importance
measures. These ordinations explained, respectively 77% and 87% of the floristic
dissimilarity between plots. This composition gradient was highly congruent with a
PCA ordination of the same inventory plots using three spectral bands, and was
strongly correlated with two structural attributes: average canopy height and total
basal area. A floristic ordination based on presence/absence data, however, was
very different, grouping the inventories by the three study locations along the river.
This was due either to differences between the knowledge of the three informants
used to identify the trees at each location, or to high turnover in the rare (but not
the common) species between locations. An MDS ordination of all types of
campinarana in the Baniwa classification system was also performed based on the
number of times a species was reported present in each type by ten different
informants. This also resulted in a gradient, but with two distinct groups of
vegetation types, corresponding to high and low forests. A description of
indigenous knowledge systems that record uses and perceptions of the
environment allows one to identify those areas used for subsistence activities such
as hunting, fishing, agriculture, extractivism and crafts. Studies of this kind provide
a basic knowledge of environmental resources and are an instrument for improved
planning, zoning and management, as well as a link with other segments of
society. They also contribute to a better understanding of habitat diversity in
Amazonia and are an efficient method to characterize poorly known environments.
Descrição
Citação
DOI
ISSN
Coleções
Avaliação
Revisão
Suplementado Por
Referenciado Por
Licença Creative Commons
Exceto quando indicado de outra forma, a licença deste item é descrita como Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil