Isótopos Estáveis de fontes Hídricas de microbacias Hidrográficas, Amazônia Central
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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Resumo
Resumo
A Amazônia apresenta uma diversidade natural de interesse científico contínuo, especialmente
nas esferas hidrológica e biogeoquímica. O Brasil abriga a maior disponibilidade de água
potável do planeta, concentrada na Bacia Amazônica, incluindo o Sistema Aquífero Alter do
Chão, um dos maiores reservatórios subterrâneos do mundo, além de uma ampla rede de águas
superficiais e subterrâneas. Embora existam diversos estudos hidrológicos na Amazônia
Central, a aplicação da técnica isotópica ainda é limitada. Esta pesquisa investiga assinaturas
isotópicas de diferentes fontes hídricas—precipitação, águas subterrâneas, igarapés naturais e
contaminados, esgotos e o rio Negro—em microbacias hidrográficas de áreas florestais e
urbanas na cidade de Manaus, considerada referência para experimentos hidrológicos nacionais
e internacionais. O estudo avaliou alterações químico-isotópicas associadas a impactos
antropogênicos na Bacia do Educandos, uma das principais bacias urbanas de Manaus, e
analisou a contribuição dos fluxos de água para igarapés amazônicos em ambientes florestais
urbanos e periurbanos, utilizando os isótopos estáveis δ¹⁸O e δ²H.Foram selecionados locais
estratégicos, previamente utilizados em experimentos hidrometeorológicos e hidrogeológicos,
para compreender a dinâmica das variações isotópicas. Em áreas urbanas não exploradas
anteriormente para esse tipo de análise, foram conduzidos estudos inéditos cujos resultados são
exclusivos desta pesquisa. Para cada uma das três áreas estudadas, foram determinadas
assinaturas isotópicas em três principais fontes hídricas (superficial, subterrânea e
precipitação), com coletas quinzenais entre agosto de 2021 e outubro de 2023, totalizando 975
amostras. A contribuição das diferentes fontes hídricas foi estimada pelo modelo Bayesiano de
mistura simples, com procedimentos rigorosos de ajuste e validação. Os resultados indicam
que, na estação chuvosa, aproximadamente 95% da água do igarapé em área urbana provém do
fluxo subterrâneo, aumentando para 99% na estação seca, proporção superior à observada em
áreas florestais e periurbanas. Na Bacia do Educandos, em locais impactados, verificou-se um
aumento significativo no pH (>6), condutividade elétrica e concentração de nitratos em águas
subterrâneas, além da redução do oxigênio dissolvido em águas superficiais impactados.
Embora os sinais isotópicos não tenham indicado poluição de forma imediata, eles
evidenciaram um comportamento sazonal semelhante entre águas superficiais e subterrâneas.
A precipitação apresentou um padrão isotópico mais enriquecido na estação seca e mais leve
na estação chuvosa, com retas meteóricas locais próximas da reta meteórica global nas três
áreas analisadas. Os resultados deste estudo contribuem para a ampliação do conhecimento em
hidrologia isotópica e química ambiental, fornecendo subsídios para futuras pesquisas sobre
mudanças climáticas na Amazônia e aprimorando a aplicação de técnicas isotópicas em estudos
hidrológicos e meteorológicos na região.